Eu gosto de móvel antigo, de árvore frondosa plantada no quintal, de jabuticabeiras de família que faz geléia todos os anos. Gosto do gosto do talher que venceu gerações, alimentando a prole, e guarda o gosto da história nele contida. Gosto do crochê de família, feito pela avó, sendo disputado pelas netas. Gosto de me sentar numa cadeira e imaginar os que se sentaram ali. Gosto de paredes cheias de digitais de antepassados... talvez eu goste mesmo de todos os fantasmas que o interesse financeiro quer aprisionar. Gosto, sobretudo, de porta retratos recheados com fotos amareladas. Gosto de olhar janelas antigas, de casario quase inexistente, e imaginar as senhoras apoiando a toalha de renda, o jarro com flor, esperando procissão de São Miguel passar.
Aline Barbosa - Relicário Urbano
Agosto de 2012
Eu AMO muito de tudo isso...
ResponderExcluirde todos "fantasmas que o interesse financeiro quer aprisionar".
São frugalidades.